quinta-feira, 21 de julho de 2011

25 quilos mais jovem.

Escrevo esse texto por que muitos amigos tem me procurado com a seguinte pergunta: “Mas o que fizeste para perder peso? tá doente? Tomando remédio? Fez cirurgia do estômago?” Não, nada disso. Simplesmente mudei meus hábitos alimentares. Só isso.
Li muito sobre o tema, e percebi que 90% do que comia tinha um alto valor calórico, mas que era muito pouco nutritivo, com poucas vitaminas, fibras, sais minerais e gorduras essenciais. O que fiz nesse caso foi mudar não só a qualidade do que comia, mas também a quantidade. No presente texto vou dizer detalhadamente tudo o que fiz, como fiz e por que fiz. Mas antes de mais nada, quero deixar claro que sou um psicólogo, não sou nutricionista ou médico, por isso, não posso dar explicações científicas sobre perda de peso e apesar de achar que isso funciona para qualquer um, não posso dar garantias, isso é um relato do que funcionou para mim.
Vamos começar com um breve histórico alimentar. Quando menino e adolescente, sempre fui o mais baixinho, e mais magro da minha turma. Mas com 14 ou 15 anos, comecei a ter vergonha de ir a praia e tirar a blusa por conta de meu visível modelo “somália” de corpo. Decidi que precisava comer o máximo que podia. Isso não foi fácil de início, mas me acostumei, e o resultado veio ao longo dos anos, e de forma lenta. Aos 23 anos pesava 82 quilos, com a altura que tenho de 1,69. Aos 30 anos já estava com 85, quase 86 quilos.
Vos confesso que não me achava gordo. Me achava sensualmente acima do peso. Mas comecei a notar que as pessoas sempre lembravam de mim como: “Hilário? Que Hilário? Ah sim, aquele gordinho né?”
Mas será que eu era mesmo gordo como falavam? Eu achava que não e ponto final! Estava bem como estava! Porém um dia fui ao médico fazer exames de rotina e estava tudo bem comigo, tirando o fato de estar com colesterol e triglicerídeo altos (quase o dobro do máximo) tudo bem. O médico sentenciou: “Você precisa perder peso, ou não chega aos 50 com saúde.” Foi aí que uni os fatos (Saúde pouco promissora e estética de botijão de gás) e encontrei argumentos suficientes para afirmar: “Puta merda, sou gordo mesmo”. Dai tracei um plano de intervenção, que vos mostrarei agora em passos.

Passo 1.
Procurar saber qual o peso ideal para mim. Lendo sobre uma relação altura e peso, (Isso você encontra em diversos sites sobre nutrição) descobri que eu podia pesar no máximo 70 quilos e no mínimo 50 quilos. Como sou ponderado, decidi pelo meio termo: 60 quilos. Assim tenho peso para ganhar nas festas de fim de ano, ou peso para perder caso pegue uma doença como cólera ou malária.

Passo 2
Precisava fazer a pergunta certa, para ter a resposta correta de como chegar aos 60 quilos. As que tinha em mãos era:
1- O que faço para chegar a 60 quilos?
2- O que tenho feito para pesar 85?
Decidi que a pergunta mais útil no momento era a segunda. Respondendo a mesma fiz uma breve análise do que eu comia rotineiramente (que vos digo sinceramente, não achava que era muita comida até fazer o relatório alimentar...). Na parte da manhã supria minha necessidade de líquido tomando uma faixa de 1,5 litros de café preto, o qual era preparado com 7 colheres de sopa de açúcar refinado. No almoço comia um prato que pesava em torno de 1,2 quilos, geralmente composto por 80% de arroz, ou macarrão, ou lasanha, feijão, ou frituras de frango ou peixe (não como carne vermelha) e 20% de legumes e verduras, que geralmente deixava metade destes últimos no prato sem comer. A tarde muitas vezes comia um pacote inteiro de biscoito recheado. E a noite fazia um lanchinho de 6 fatias de pizzas, ou 2 hamburgueres adubados, ou 3 hotdogs. E lá pela meia noite comia mais umas 15 bolachas com requeijão. Vos afirmo que essa foi uma análise realista, mesmo este não sendo um padrão, a maior parte do tempo era isso mesmo que comia. Tomei um susto quando joguei isso por alto em uma tabela de calorias, e percebi que eu comia o necessário para trabalhar na construção civil 8 horas por dia, carregando sacas de cimento!

Passo 3
Precisava mudar urgente, mas como? Li na Internet uma série de dietas que me prometiam eliminar “trocentos” quilos em um mês, mas pelo teor da coisa, sabia que não eram sustentáveis. Precisava criar meu próprio método, dentro de minhas possibilidades, ou seja, algo que pudesse manter para o resto da vida. Logo, analisei da minha perspectiva de psicólogo. Bom, comer é um comportamento, pensei, o que preciso fazer é mudar meu padrão comportamental alimentar para um mais saudável. O que precisava, como todo bom analista do comportamento, era entender a função do comportamento de comer, para poder modifica-lo. Notei, que não só para mim mas como para muitas outras pessoas, comer tem um função de prazer, saciação, e até mesmo uma função social (vamos comemorar! Cadê a pizza, e o petisco de calabreza?), e assim perde sua função primordial que é manter o organismo vivo e funcionando bem. Bom, se comemos por prazer e por saciação, vamos comer muito do que é saboroso a nós (e isso também é um conceito social que pode e deve ser modificado individualmente), como Massas, Carnes gordurosas, frituras, doces, Fast Food, ou artigos artificiais enlatados ou embalados.

Passo 4
Tracei um plano de guerra, durante a semana, estaria no Front da batalha, comendo só alimentos orgânicos e saudáveis, e no fim de semana, comeria moderadamente algo que gostasse mais, como pizza e etc. Resultado: depois de dezenas de tentativas, minha batalha sempre começava na segunda, e na terça quando muito na quarta, eu já tinha levantado a bandeira branca.
Mas o que havia dado errado, seria impossível perder peso de forma natural, como muitos me disseram? Nada disso. No fundo notei que depois de anos me alimentado mal, havia formulado uma REGRA alimentar insalubre, e como se sabe na psicologia, REGRAS não mudam facilmente, por que não importa o que aconteça, elas te tornam insensível as consequencias. Funciona assim, sempre quando comemos algo que não deveríamos, logo após o ato, sentimos a culpa de termos comido, mas isso não faz com que deixemos de fazer a mesma coisa no outro dia. Por exemplo quando chega o fim de semana, sempre pensamos “mas uma fatia de pizza não vai mudar nada, eu posso, havia programado isso oras!” depois quando queremos outra, pensamos “mas se eu comer muito pouco mesmo na segunda-feira, posso comer mais uma ou duas fatias hoje” depois pensamos: “putz cara, não devia ter comido tudo isso... mas segunda-feira em compenso comendo só alface, de verdade!” , e quando chega na segunda, fazemos a mesma coisa, e o mesmo com relação a terça e assim por diante, e assim, adeus corpo saudável!
A única forma de mudar uma regra, é estabelecer uma nova regra incompatível com a anterior. E como sabemos, regras não tem EXCEÇÔES que sejam condizentes com as metas nesse caso, ou seja, nem sábados e nem domingos se pode vacilar.

Passo 5
Preciso criar um nova regra alimentar, pensei, que seja nutritiva, pouco calórica, e que seja gostoso o suficiente para querer fazer no outro dia. Aqui vai a nova regra estipulada:
- Pela manhã:
- Diminuir os 1,5 litros de café com 7 colheres de sopa de açúcar, para 200ml dia, usando duas colheres de chá de açúcar Light (possui metade do valor calórico, e adoça mais que o comum, mas não é adoçante).
- Sempre tomar esse café com leite e mais uma fatia de pão integral com uma fatia de peito de peru light. Logo após isso, tomo 500 ml de água.
- Lá pelas 10 horas, como fruta, que pode ser uma maçã, uma tangerina ou uma banana.
- No almoço
- Na hora do almoço, tirei a massa coloquei legumes. Atualmente meu prato pesa em torno de 500 gramas, com 80% de legumes, verduras e grãos (sempre tem que ter bastante Feijão de corda, Brócoles, Couve Flor, Grão de Bico, Lentilha, Cenoura, tomate, Alface, cebola, e muito disso em natura), e 20% disso de carne magra de peixe ou frango, preparada de qualquer forma, menos frito. De sobre mesa, como dois ou três biscoitos de côco São Luiz, ou outro integral, e mais uma fruta.
- Às 15:30 lancho meia xícara de Granola com leite light e uvas passas (tem alto índice de proteína, fibras e gorduras essenciais).
- À noite
- Lá pelas 20 hs, faço um sanduiche adubado de pão integral com alface americano, tomate, azeitona, queijo cottage, peito de peru light, óleo de oliva extra virgem (uma colher de chá) e alcaparras. Esses ingredientes podem mudar, de acordo com a disponibilidade, mas sempre mantenho o bom senso nesse casoe não uso coisas gordurosas. Depois disso, sempre como Cokies integrais do tipo pequeno(uns 3 ou 4) e mais uma fruta, que pode ser melão, melancia (fatia pequena), ou qualquer outra e um copo de 200 ml de leite light, ou suco de limão com pouco açúcar.
- Fim de semana.
- Mantenho a mesma coisa, sendo que geralmente vou a restaurantes a quilo no almoço que tenham muita opção de salada, e como a maior variedade possível de legumes e verduras, sempre acompanhado de um suco natural e sem açúcar de laranja.

Passo 6
Não posso mentir caro leitor, você sentirá muita vontade de comer, e seu organismo fará de tudo pra você voltar a regra antiga (de comer como vira-lata de rua adotado por madame), mas se você resistir, em poucos dias (uns 4 ou 5 no meu caso, mas tenho certeza que isso pode variar muito de pessoa para pessoa) começa a se acostumar e saber diferenciar a vontade de comer da necessidade de comer. O que me aconteceu de mais inesperado é que depois de mais ou menos um mês me adaptei bem a isso, e sempre que sinto fome, a imagem que vem na minha cabeça já não é mais uma coxinha, uma lasanha ou coisa assim, já são frutas e verduras. E mais, no começo, depois de fazer essas refeições citadas no passo anterior, nunca me sentia satisfeito, sempre restava uma fome, que não passava e não me deixava dormir direito a noite, me levando as vezes até as duas da matina acordado, porém atualmente, já me sinto satisfeito e sem fome com a nova regra alimentar.
Um bom macete que desenvolvi para driblar um pouco a fome, é que depois de comer, mais ou menos uns 10 minutos, tomo um copo de 500 ml de água.
O fundamental caro leitor é que no período em que se está efetuando a aquisição da nova regra alimentar(e segundo minha experiência, isso leva uns 6 meses), não se pode, nem de brincadeira, deixar de cumprir a mesma, com a consequencia de voltar a velha regra de comer muito. Não pense você, que pode dar uma “escapadinha” da nova regra, por que existe uma alta probabilidade de voltar a se alimentar de forma insalubre de novo. Você pode até conseguir tal façanha, se for uma pessoa de muito auto-controle, mas lhe pergunto, está disposto a correr esse risco? E mais, se você fosse uma pessoa de muito auto-controle, por que teria permanecido gordo ou engordado tanto, ao ponto de ler esse artigo até o final? Não faça isso, não saia da regra.
                                                                   Fim dos Passos

Descrito os passos, resta a pergunta. “Mas vou perder peso de imediato?” Lhe respondo com um conhecimento da antropologia: Se você está vivo hoje como espécie, é por que nosso organismo se tornou muito competente em captar e armazenar calorias ao longo da história, pois no início da humanidade, lá na África, o homem passava por muitos períodos de alimentação precária, no qual lentamente se utilizava das calorias adquiridas no período das chuvas para se manter vivo. Ou seja, seu organismo geneticamente falando é muito competente em captar e armazenar calorias, e queima elas de forma muito lenta. Na verdade, só comecei a perder peso mesmo depois do segundo mês, ou seja, nos dois primeiro meses, saí de 85 para 80. A partir do terceiro mês comecei a perder gradualmente mais peso, uma faixa de 1 quilo na semana de quando trabalhava 1 turno, 1,5 quilos por semana em períodos em que trabalhava 2 turnos, ou 2 quilos por semana, quando trabalhava os 3 turnos. Meu trabalho é lecionar, geralmente fico em pé, falando e andando de um lado para o outro. O importante aí é se manter motivado, mesmo com resultados pequenos e discretos.
Mas agora por fim você me pergunta: “Valeu a pena abrir mão dos prazeres da comida?” Lhe respondo que fisicamente me sinto mais disposto, melhora a auto estima, sua parceira fica mais assanhada, dentre muitas outras coisas, que também fornecem prazer e um prazer de mais qualidade,  mas a principal delas é: Se você pode ser magro, que vantagem teria em ser gordo?

Um comentário:

Tatiane Sousa disse...

Muita Legal a forma descontraída e simples que escreves. Gosto de textos assim. Tô seguindo. Entra pra conhecer meu blog: http://tatianess.blogspot.com/. Bjs